terça-feira, 5 de outubro de 2010

Até ao final do século XIX, a gravura em madeira constituiu o grande suporte gráfico do livro e das publicações periódicas. Surge na Europa com o advento da invenção da imprensa e, como elemento decorativo ou ilustrativo, torna-se um meio indispensável dos frontispícios dos livros e um meio enriquecedor de algumas das suas páginas. A sua importância gera um interesse tal que a faz percorrer os caminhos longos e difíceis na aproximação dos continentes e permite levantar uma indústria que acompanha o sucesso da fundição dos caracteres tipográficos. Depois de três séculos a prestar homenagem aos textos sagrados, a sacralizar reis e imperadores e a reinventar a palavra dos humanistas, poetas, dramaturgos e historiadores, desce ao sepulcro do abandono para dar lugar a uma outra gravura, agora aberta no metal.
Afastada dos eruditos, mas mantida viva no espaço rude da cultura popular, ressurgirá, já no século XIX, com roupagem mais fina mas um olhar mais pragmático perante a realidade e os pressupostos que vão dar origem à publicação das revistas ilustradas.
Com esta nova e importante responsabilidade, a gravura em madeira passou a sistematizar e a preservar um património cultural e arquitectónico que nos permite olhar surpreendidos o passado e contextualizar o presente.
Nesta perspectiva, a arte da gravura legou-nos um extraordinário arquivo de memórias sobre Portugal e os portugueses que julgamos valer a pena divulgar.

Sem comentários:

Enviar um comentário